sexta-feira, 11 de junho de 2010

Tramandaí, fragmentos de sua história

O próprio nome do município faz referência a importância do rio para os primeiros habitantes da região, os Tupi-guaranis (Taraman/ Tramandi/ Termandi/ Tramandai/ Taramandahy/ Tamandatay/ Tramadahy/ Tramandaí = rio dos meandros; rio do roedor; lugar onde se cerca para colher - pescar com redes).

A ORIGEM

(...) “Somente amanhã atravessaremos o Rio Tramandaí, em cujas margens chegamos muito tarde. Encontramos à margem desse pequenos rio uma espécie de cabana coberta de caniços, onde se amontoa uma dúzia de pessoas (...). (...) Dos homens que vi ontem apenas um reside ordinariamente no local (...) passaram todo o dia a se aquecerem, a cozinhar e a comer peixes. São todos homens brancos, mostram ser boas pessoas, cultivam a terra e parecem muito pobres.” (Auguste de Saint-Hilare em Viagem ao Rio Grande do Sul, 1820-1821)

(...) “A pequena aldeola tem umas 100 casas, todas de madeira, cobertas de tiririca-do-brejo, baixas e originais, onde se aloja uma pequena população de pescadores. Para os banhistas, há existem dois hotéis, ambos construídos segundo a norma das outras casas: paredes de tábuas e tetos de palha. (...) A vila se estende sobre um braço de terra que fica apertado entre o Atlântico e a Lagoa de Tramandaí. A pesca do bagre e o seu preparo para a exportação, constituem a ocupação única da massa dos habitantes, que têm, nos lagos da vizinhança, um farto viveiro. (...) Algumas vezes aparecem tainhas e miraguaias (...). Assim não precisam os pescadores arriscar as pequenas canoas sobre as ondas vultuosas de um mar temeroso. A pesca é fácil e segura nas águas mansas das lagoas fartas. (...) Ao lado de um vasto depósito acham-se grandes varais sobre os quais o peixe seca, depois de salgado em açougue que deita para a lagoa e ao qual as canoas podem encostar.” (Roquete Pinto em Relatório da Excursão ao Litoral a à Região das Lagoas do Rio Grande do Sul, início do século XX).

“Tramandaí é uma faixa de terra estreita, situada entre o Atlatico, de um lado, e a Lagôa e Rio Tramandaí, de outro.
Este rio, desemboca no oceano, por uma barra que, infelismente, como todas as barras do nosso litoral, avança diariamente para o norte. Este afastamento é acompanhado do notavel fenomeno de diminuição sucessiva de profundidade da referida barra, dificultando assim a entrada do peixe e ocasionando a escassez do produto, o que reflete de modo desastroso na vida e economia da população ribeirinha.
Esta aflitiva situação se desenvolve numa progressão crescente, durante um periodo de seis a oito anos, até que a barra se fecha completamente, provocando o cumulo das aguas que já não correm mais. Rio e Lagôa crescem de volume; a agua transbordada se espraia, força uma saida e rebenta então no lugar antigo, profunda, larga, correntosa. O peixe entra em cardumes inumeraveis, num tumultuoso atropelo, em demanda da Lagôa ampla e espaçosa. A Colonia entra tambem em franca atividade, mobilizem-se os homens do mar, reuni-se os engenhos de pésca, redes, linhas, canoas, etc. E a éra de prosperidade. A riqueza entra-nos portas a dentro, a alegrai envade os nosso lares. Mas, logo após inicia-se o novo ciclo do fenomeno, a barra reecéta a sua nefasta marcha para o norte. Ela se afasta e a miseria se avisinha de nós” (Cap. Accacio Ferreira de Oliveira, prefeito de Conceição do Arroio, em ofício de 17 de março de 1934 ao Engenheiro Secretário do DEPRC - redação mantida conforme documento original).

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